Volkswagen Fusca 1500, Brasil
Fotografia
Desde
1962, o Fusca liderava o mercado, com seu modesto motor 1200 refrigerado a
ar. De 1967 em diante, ele já era mais potente, usando o motor 1300. Ao mesmo
tempo, com as opções mais fortes rodando em Kombi, Karmann Ghia e “Zé do
Caixão”, era natural que o Fusca ganhasse mais fôlego.
Enfim o Sedan
1500 foi lançado, em agosto de 1970. Basicamente, era uma junção de peças da
prateleira da própria VW. O motor vinha da Kombi. As rodas de quatro furos
e calotas achatadas eram as do “Zé”, TL e Variant, assim como a medida da
bitola, mais larga. Para frear, disco na frente era opcional. Além da bitola,
colaborava para diminuir a tendência a sair de traseira a barra compensadora.
Em seu
primeiro teste pela QUATRO RODAS, publicado na edição 123, de outubro de 1970,
era alvo de elogios seu comportamento mais neutro. Porém, em parte devido à
suspensão dianteira mais alta e reforçada, a tendência passava a ser de sair de
frente, dificultando o contorno de curvas mais rápidas.
O maior torque
também fazia uma sonora diferença. Para a cidade, mostrava-se mais animado que
o 1300, ainda que, na realidade, o desempenho geral não fosse assim tão
além.
Esteticamente,
também se aproximava do equivalente alemão, que aposentava o motor 1500
naquele mesmo ano. Era a vez do pára-choque de lâmina única e novas lanternas,
logo chamadas de “canoa”. Internamente, contava com bancos semelhantes aos da
Variant, mais anatômicos e de menor espessura.
Ainda que
tivesse batismo oficial, o que pegou foi o apelido: Fuscão, assim chamado
já pelo pessoal do chão de fábrica e nome que a publicidade adotaria mais
tarde. Mais bem-acabado e potente, a diferença de preço era mínima: 13.186
cruzeiros, ante os 12.671 cruzeiros do 1300, em 1970.
Isso valeu o
boato de que o fim do Fusca menos dotado estaria próximo. Fazia sentido.
Respaldados pelo melhor custo-benefício, 4.444 carros foram produzidos já no
mês de estréia. Em 1971, foram vendidos 3,7 VW 1500 para cada 1300.
Para mantê-lo
competitivo, a linha 1973 estreava novo desenho de pára-lama dianteiro, mais
tampa traseira com 28 aberturas – 18 a mais. Também surgia uma versão básica,
com a mesma estética do 1300, mas que vendeu pouco. As mudanças não evitaram
que o Fuscão sentisse os efeitos de uma concorrência mais moderna, que
estreava Chevette e Dodge 1800, além de, dentro da própria casa, haver a
Brasilia.
Ainda assim,
em 1974, com leves alterações, seguia à frente dos rivais mais avançados, mas
perdia em vendas para o 1300. A crise do petróleo não explica esse declínio,
pois a Brasilia manteve vendas estáveis, apesar do preço maior que o do 1600S
(Superfuscão) lançado naquele ano.
Como reflexo
disso, em 1975 o Fuscão entrava em seu último ano de vida. Um 1600 básico foi
lançado como opção ao 1500. Consumo e desempenho melhoravam com o motor de dois
carburadores. Com freios a disco de série e rodas aro 14 de seis furos, ele
substituiu o Fuscão e o 1600S.
Mesmo fora de
linha e sem qualquer status de colecionável, o VW 1500 faria história pela
voz de Almir Rogério. Em 1981, a música Fuscão Preto era uma das responsáveis
por mais de 1,5 milhão de discos vendidos. A rara cor de Fuscão também renderia
um filme no ano seguinte e, em 1994, a canção, já cult, seria traduzida para o
inglês macarrônico de Falcão e renomeada Black People Car.
Depois de
419.433 unidades produzidas, o Fuscão volta a ser valorizado e os raros
carros em perfeito estado passam a ter vaga garantida em exposições. É o caso
do modelo 1973 verde hippie mostrado acima, há seis meses em posse do taxista
aposentado Francisco Pereira da Silva e que tem hoje apenas 50.000 quilômetros
originais.
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