Ford Del Rey Scala, Brasil
Fotografia
A filial
brasileira da Ford buscou inspiração em Detroit para desenvolver a refinada Del
Rey Scala, em 1983 – os americanos sempre gostaram de peruas luxuosas, donos de
vistosas Chrysler Town & Country, Oldsmobile Vista Cruiser e Mercury Colony
Park.
Baseada na
Belina II (de 1978), era definida por ângulos retos, uma solução que requentava
um projeto dos anos 60. Mas era versátil, robusta e econômica, tão prática a
ponto de minimizar algumas limitações, como o entre-eixos curto e a estranha
suspensão dianteira, que trabalhava apoiada no batente inferior.
A Belina II
era indiscutivelmente a rainha das peruas nacionais: mais racional que a VW
Variant II (com seu ultrapassado motor traseiro) e mais econômica que a
Chevrolet Caravan (com motores de baixa potência específica). A coroa, porém,
ficou em risco com a recém-chegada Parati, menor e mais ágil.
Para se manter
no trono, a Ford recorreu ao luxuoso sedã Del Rey. Apresentado em 1981,
introduziu equipamentos inéditos à categoria, como travas e vidros elétricos,
console de teto com relógio digital, luzes de leitura e um painel que trazia
até manômetro de pressão do óleo. O ar-condicionado era opcional, mas o
acabamento superior estava um degrau acima do conhecido Corcel.
Inicialmente
exportada para o mercado venezuelano, a Scala representou uma importante
estratégia para a Ford: deu sobrevida à Belina II, enquanto a perua Escort não
chegava ao mercado – a expectativa era de que a familiar chegasse ainda na
década de 80, mas a Autolatina (formada em 1986) encerrou esses planos.
Seus atributos
eram suficientemente bons para enfrentar estrelas iminentes, como a Caravan (na
versão Diplomata) e a Quantum, que chegariam dois anos depois.
O resultado
era um veículo familiar com a pompa do Del Rey Ouro (top de linha). A Scala
estava equipada com grade de frisos verticais, lanternas brancas e repetidores
dos piscas sobre os para-lamas. As lanternas traseiras cresciam sobre a tampa
do porta-malas (768 litros até o teto), que ganhava carpete e uma cobertura
para esconder as malas. Via-se também um bagageiro no teto.
As belas rodas
de 13 polegadas em liga leve utilizava apenas três parafusos e recebiam largos
pneus radiais na medida 185/70. Era preciso fazer força nas manobras de
estacionamento, pois a Scala não oferecia o conforto da direção hidráulica. Sua
estabilidade era apenas razoável: evoluída, a suspensão já não apresentava as
oscilações da Belina II, mas continuava macia demais.
O melhor era
apreciá-la com calma, pois o motor de quatro cilindros e 1,6 litro rendia
parcos 69 cv. Uma das principais novidades do modelo 1984 foi a adoção do motor
CHT que impulsionava o Escort: com câmaras de combustão retrabalhadas, a
potência saltava para 73 cv. A Scala também ficava mais segura – tinha freios a
discos ventilados.
Mais
aerodinâmico, o modelo 1985 surgiu com nova grade horizontal, faróis e piscas
redesenhados e faróis de neblina embutidos. O interior ganhava teto pré-moldado
e o banco traseiro recebeu encostos de cabeça e descansa-braço. Até então
disponível na versão única Ouro, a Scala passou a oferecer as versões GLX e
Ghia, a última com rodas de aro 14 e pneus de perfil baixo.
A tão desejada
direção hidráulica veio apenas no modelo 1986, acompanhada de uma suspensão
recalibrada e do motor CHT E-Max, com pistões e virabrequim mais leves e novos
anéis para redução do atrito interno. Mas foi o último ano de fabricação da
Scala. Com o encerramento da produção do Corcel, voltou a ser chamada de Belina
a partir de 1987.
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