Ford 1941, Estados Unidos
Fotografia
Último modelo
apresentado por Henry Ford, o Ford 1941 foi reformulado para resgatar a
hegemonia do fabricante de Dearborn.
Notório pela
genialidade e teimosia, o industrial não escondia duas insatisfações: a
liderança do mercado nas mãos da Chevrolet e o crescimento da Plymouth,
respectivamente divisões de entrada da General Motors e Chrysler Corporation.
A queda nas
vendas era sintoma do conflito entre Henry e o presidente da empresa, seu filho
Edsel. A concorrência ousava com novas tecnologias, mas as incertezas da
Segunda Guerra fizeram Henry manter-se fiel à concepção do Ford 1932, com eixo
dianteiro rígido, molas transversais, transmissão por tubo de torque e o
lendário motor V8 “cabeça chata”.
Mas a última
palavra no estilo era de Edsel e do designer Bob Gregorie. Maior e mais pesado,
o Ford 1941 adotou o rígido chassi do Mercury Eight 1939 em seis configurações:
picape, sedã de duas ou quatro portas, cupê, conversível e a perua com portas e
laterais de madeira.
Mais larga, a
carroceria quase eliminou os estribos laterais e a área envidraçada estava 22%
maior. A grande novidade foi o motor de seis cilindros em linha e 3,7 litros,
com a mesma potência do V8 (90 cv) e torque superior quando comparado ao seis
cilindros Chevrolet.
Era o único
motor disponível para a versão de entrada, Special, e foi uma concessão
técnica, que gerou uma enorme discórdia entre Edsel e seu pai.
O favorito de
Henry era o V8 de 3,6 litros, de série na De Luxe e Super De Luxe. O Ford 1941
era o carro mais espaçoso e confortável já feito pelo clã, com molas e
amortecedores recalibrados e barra estabilizadora traseira. O baixo nível de
ruído e vibrações indicavam o capricho no isolamento e na qualidade de
construção.
Simplificada,
a versão Special trazia uma única lanterna traseira e limpador de para-brisa só
para o motorista. O sedã ou cupê vinham sempre na cor cinza, mas o verde, o
marrom, o preto e o azul eram cobrados à parte. A perua de quatro portas era
oferecida a partir da versão intermediária, De Luxe, que tinha a grade cromada.
A carroceria
conversível era exclusiva da versão mais cara, Super De Luxe, que recebia boa
dose de frisos e cromados, além de equipamentos como relógio, quebra-ventos
acionados por manivelas e revestimentos de melhor qualidade para o estofamento.
A capota do conversível era dotada de acionamento elétrico.
As vendas
cresceram, mas foram 691.455 Fords contra 1.008.976 Chevrolets em 1941.
Reestilizado, o Ford 1942 recebeu suspensão mais baixa e macia, mas teve sua
produção interrompida em fevereiro em função da Segunda Guerra. O racionamento
de matérias-primas eliminou cromados e até pistões de alumínio nas poucas
unidades produzidas.
Vitimado por
um câncer, Edsel Ford morreu em 1943, fazendo a Ford Motor Company retornar ao
comando do quase octogenário Henry. Transtornadas pela morte precoce de Edsel e
preocupadas com o futuro da empresa, Clara (esposa de Henry) e Eleanor (sua
nora) pressionam Henry Ford, que renuncia em favor de seu neto Henry II em
1945.
Sob nova
direção, a empresa inicia uma ampla reforma administrativa e apresenta o novo Ford
1946, caracterizado pela larga grade horizontal e o V8 de 3,9 litros e 100 cv,
até então exclusivo dos modelos da divisão intermediária Mercury. A versão
Special deixa de existir e a nova estrela é o conversível Sportsman, penúltimo
trabalho de Bob Gregorie para a Ford.
O Sportsman
foi uma ideia atribuída ao jovem Henry Ford II, um veículo recreacional com
portas e laterais de madeira e bancos de couro para ser usufruído em suas
poucas horas de lazer no litoral de Long Island. Construído de maneira artesanal,
a produção na fábrica de Iron Mountain ficou abaixo de 3.500 unidades.
Com
modificações discretas, o modelo 1947 foi apresentado em fevereiro do mesmo
ano, pouco antes da morte de Henry Ford. O último dessa geração foi o modelo
1948, como este cupê Super De Luxe, sob os cuidados da De Gennaro Classics.
A salvação da
empresa ficou a cargo de seu sucessor, responsável por reconquistar, enfim, a
liderança do mercado em 1949.
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