Artigo
Antes
considerado um item dispensável e até supérfluo para o consumidor, o câmbio
automático tem caído cada vez mais no gosto do brasileiro apaixonado por
carros. E, hoje, é muito mais do que um simples acessório.
Apesar de,
aparentemente, tornar a vida do motorista "mais fácil" por dispensar
a troca constante de marchas, ser o condutor de um carro equipado com câmbio
automático exige cuidados que, às vezes, passam despercebidos para muitos.
O mau uso do
equipamento pode causar problemas e, principalmente, prejuízo aos proprietários
que não tomarem as precauções corretas de preservação e até na forma de
conduzir o carro automático.
Para ajudar o
consumidor a economizar e garantir uma vida útil bastante longa ao componente,
o UOL Carros conversou
com dois especialistas no assunto e separou uma série de dicas simples, mas
fundamentais para garantir o bom funcionamento do câmbio.
Não coloque o
carro em neutro ao parar no farol vermelho
A tendência de
colocar o carro em ponto morto (neutro) ao parar em sinais vermelhos é
equivocada, segundo o especialista. E pode encurtar a vida do câmbio automático
do seu veículo.
"Isso é
um tabu, uma lenda urbana. Não há a necessidade de desengatar o câmbio em
paradas no farol, e isso serve também para os carros manuais. O câmbio não é
submetido a esforço algum nessa situação, então não há motivos para colocar no
neutro", disse Marcos Vinícius Prado, proprietário da Pradomatic, empresa
especializada na manutenção de carros importados
Jamais altere
o software ou utilize chip para aumento de performance
Marcos alertou
que uma das reclamações mais comuns entre donos de carros automáticos é a perda
de performance em comparação aos veículos com câmbio manual e que, por isso,
muitos deles mexem no software original ou colocam chips para aumentar a
performance. E aí mora o perigo.
"As
fábricas têm interesse no maior rendimento possível do produto e o prepararam
para isso. Se o sistema tem limitação de performance é porque este é o limite
de segurança do conjunto powertrain, formado por motor e câmbio. Se quer um
carro mais forte ou esportivo, compre um com essas características",
afirmou Marcos
Troque o óleo
do câmbio no tempo certo
rocar o óleo
do câmbio automático no tempo certo é uma dica aparente simples, mas que muitos
ignoram, pois acreditam que ele durará para sempre sem estragar. A esses
desavisados, fica o alerta: "Não existe óleo perene", avisou Marcos.
"Após
dois anos de exposição ao meio-ambiente começa um processo de degradação química
do produto. A sugestão é que o óleo seja trocado por um profissional experiente
ao fim de cada três anos. E o importante é notar que o tempo, nesse caso, é
mais importante do que a quilometragem, pois taxistas, por exemplo, rodam 50
mil quilômetros por ano e isso não implica necessariamente em danos no câmbio
antes do período citado para a troca".
Não acelere o
carro quando o câmbio estiver em "neutro"
Segundo Luiz
Antônio Pistori, autorizado da Bosch há mais de 20 anos, isso causará um
desgaste grande nas cintas de embreagem e, ao contrário do que muitos imaginam,
não tornará a arrancada do veículo "mais veloz" do que ela seria
normalmente.
A troca das
cintas, de acordo com o especialista, ficará na casa de alguns milhares de
reais para o mau condutor.
Não deixe o
tanque muito vazio
Dirigir o
carro "no cheiro", como se costuma dizer - quando o mostrador está
praticamente colado na reserva - é um dos principais 'crimes' para quem tem
carro automático.
"Para
funcionar do jeito certo, os carros precisam ter uma pressão de fluído
apropriada. Além disso, o combustível mantém diferentes partes do carro
lubrificadas, e ajudam o motor também. Se o tanque está o tempo todo na
reserva, tais partes se desgastarão muito mais rápido do que o normal",
alertou Luiz Antônio.
Não desengate
o câmbio automático com o carro em movimento
Passar a
marcha da posição "D" (drive) ou "R" (ré) para a posição
"N" (neutro) pode custar muito caro ao motorista. Luiz Antônio
alertou que, "ao fazer isso, a transmissão é usada para parar o carro, e
não os freios. Isso certamente causará danos irreversíveis ao câmbio com o
passar do tempo".
Os modelos
mais novos, no entanto, não permitem que o câmbio seja mudado para a posição
"P" (parking) com o carro em movimento, justamente para prevenir o
risco de quebra da transmissão. Alguns carros também não permitem a retirada da
chave ou até mesmo serem ligados se a posição do câmbio não estiver correta.
Evite a
"banguela"
Recurso
bastante utilizado para quem tem carros manuais por, supostamente, economizar
combustível, colocar o carro na "banguela" (ou em ponto morto,
posição "N" nos câmbios automáticos) é fatal para o componente.
"Nesse
caso, o motor do carro fica com rotação mínima e a bomba de óleo trabalha muito
mais devagar. Por isso, o motor não esfria tanto quanto deveria e pode falhar
devido à fricção e o calor. Isso também não faz o carro economizar combustível,
pois os automáticos já são programados para gastar menos mesmo quando estão na
posição drive", concluiu.
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