Puma P-018, Brasil
Fotografia
Orgulho
nacional, a Puma passava por um bom momento em meados dos anos 70: consolidado
com os esportivos GTE e GTB, a fabricante paulistana fazia a carroceria do
bugue Kadron e estudava produzir carros urbanos (Mini-Puma) e caminhões (Puma
4T).
Não havia
limites para a imaginação da equipe do empresário Milton Masteguin. Só faltavam
recursos para viabilizar os projetos.
O sucesso dos
GTE exportados atestava a qualidade dos esportivos, mas, cientes de seu
envelhecimento, a engenharia iniciou o estudo de um modelo com chassi próprio e
suspensões modernas (dianteira McPherson e traseira de braço arrastado), com um
motor mais potente e moderno, refrigerado a água.
Atualizadas
com o mercado, as soluções vinham quase todas da VW: a suspensão traseira seria
a da Variant II e o motor, o BS 1.6 de 96 cv do lendário Passat TS. A suspensão
dianteira foi baseada na do Fiat 147. Denominado P-016, o projeto chegou à fase
de protótipo, mas foi engavetado em 1982.
Em paralelo,
Masteguin desenvolveu o P-018 (18° projeto da marca), mais simples que o P-016
e que mantinha chassi e suspensão dianteira (por braços paralelos) da VW
Brasilia, incorporando só a traseira da Variant II. O tanque saía da dianteira
para a posição central, acima do câmbio, aumentando o porta-malas que ficava na
frente sem afetar o centro de gravidade.
Por fora, a
escola italiana de desenho ainda dava as cartas: capô baixo e faróis inseridos
nos para-lamas eram típicos da marca, mas o para-choque quase reto contrastava
com seu antecessor. A traseira mantinha o perfil do GTB S2: as lanternas
caneladas vinham da Brasília, mas as maçanetas redondas embutidas e as rodas
diferentes (aro 14 na frente e 15 atrás) eram exclusivas do P-018.
O motor era o
velho 1.6 VW refrigerado a ar, com cilindrada elevada para 1,7 litro, comando
de válvulas esportivo Puma P2, dupla carburação Solex 40 e câmbio de relações
longas do VW SP2.
Apresentado no
Salão do Automóvel de 1981, o P-018 prometia ar-condicionado e vidros
elétricos, mas não era capaz de competir com o estilo e desempenho do Miura MTS,
que tinha o motor do Passat TS. Assolada pela recessão dos anos 80, a Puma
produziu só 25 P-018 de 1981 a 1983.
O modelo que
ilustra esta reportagem é o número 10 e pertence ao colecionador Christian
Lovatto, fundador e diretor do Puma Clube do Brasil: “Após 1983 não houve
registro oficial: estima-se que foram montados de 25 a 35 carros por credores
que recebiam o P-018 como pagamento ou quitação de dívidas trabalhistas.
Após fechar as
portas em 1985, a Puma foi adquirida pela Araucária Veículos, de Curitiba (PR),
e em seguida teve os direitos de produção transferidos à Alfa Metais.
Renomeado para
AM1, o cupê voltou ao mercado em 1988, agora com motor de 1,6 litro, tanque de
combustível dianteiro e pequenas alterações estéticas. Inexpressivo, ele abriu
caminho para o AM3, que estrearia em 1989 com o motor VW AP-1600, dando fim à
mecânica VW a ar.
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