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Os mais
poderosos caças que a Força Aérea já operou estão à venda. Os 11 supersônicos
Mirage 2000 C/B, capazes de voar a 2.336 km/h, formaram a elite da aviação
brasileira de combate entre 2005 e 2013 e estão sendo oferecidos no mercado
internacional pela Comissão Aeronáutica, em Washington. Preço bom, de
oportunidade: o lote completo sai por US$ 508.631,12 (R$ 1,9 milhão). Novas, e
conforme a configuração, poderiam custar até US$ 45 milhões cada.
Os aviões estão sendo mantidos em duas bases da FAB
— em Brasília e Anápolis (GO). A oferta cobre um pacote completo: motores e
sistemas eletrônicos de bordo foram preservados. Peças e componentes não estão
incluídos. A Força informa que os caças negociados não têm condições de voo. A
unidade mais barata está cotada a US$ 7.327,61. A mais cara, a US$ 62.635,12. A
proposta vencedora será anunciada no dia 6. O comprador terá cinco dias para o
pagamento e mais dois meses para retirar os aviões.
O Comando da Aeronáutica identifica qualquer dos
nove países que ainda usam o Mirage 2000 em todo o mundo como clientes
potenciais, interessados em uma espécie de desmanche, para usar partes na
manutenção dos próprios jatos. Todavia, nada impede que um eventual
colecionador faça sua oferta. Segundo um veterano do Esquadrão Jaguar, o 1.º
Grupo de Defesa Aérea, de Anápolis, há dezenas de promotores de shows aéreos,
na Europa e nos Estados Unidos, que se interessariam.
Qualquer que seja a natureza da transação, ela terá
de passar pelo governo da França, país onde os caças foram fabricados pelo
grupo Dassault Aviation, e onde foram comprados, já usados, pelo governo
federal, em 2005, por cerca de US$ 200 milhões. A aquisição abrangia ainda a
conversão dos supersônicos para os requisitos da FAB, dois tipos de mísseis,
bombas, apoio logístico, treinamento, peças e partes sobressalentes. O acordo
foi ajustado diretamente entre os então presidentes Nicolas Sarkozy e Luiz
Inácio Lula da Silva.
Os Mirage 2000 fizeram bonito durante os oito anos
em que foram operados pelo Esquadrão Jaguar. Eram vistos como equipamento de
treinamento e transição para o espetacular jato Rafale C, também francês,
cotado como favorito na escolha do novo modelo de múltiplo emprego da aviação
militar do Brasil. Acabou dando o sueco Gripen NG, mais barato, inovador, e com
ampla transferência de tecnologia, cláusula principal do interesse do
Alto-Comando.
Entretanto, os
F-2000 formaram duas gerações de pilotos de alto rendimento. A turbina Snecma
M53 permitia instalar até 6,3 toneladas de bombas, mísseis e foguetes sob a asa
do jato de 14,3 metros de comprimento e 9,13 m de envergadura, armado com um
canhão Defa de 30 mm. A grande altitude, no limite de 17 km, na velocidade
plena, podia cobrir a distância de Brasília a São Paulo em menos de meia hora.
Desativados à meia-noite de 31 de dezembro de 2013, foram substituídos
temporariamente pelos F-5M, modernizados pela Embraer Defesa. Os novos Gripen,
36 deles, começam a chegar em 2019.

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