Universidade Conde Francisco Matarazzo, Atual Palácio dos Bandeirantes, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
É notório as
grandes contribuições de imigrantes na cidade e no Estado de São Paulo. Um dos
mais relevantes nomes desta saga, é dos Italianos e em especial de Francisco
Matarazzo.
Grande empreendedor deu sua contribuição para
o desenvolvimento do setor industrial no Brasil construindo mais de 365
fábricas e tornando São Paulo e o Brasil um polo industrial de referência.
Com seu histórico de realizações, que já na
metade inicial do século 20 tinha considerável capital, resolveu empreender e
aplicar seu capital em atividades industriais e comerciais. Começou com um
moinho de trigo, depois tecelagens, indústria metalúrgica, moinhos para a
fabricação do sal, refinarias de açúcar, fábricas de óleo e gordura,
frigoríficos, fábrica de velas, sabonete e sabão, não ficando só nisto e
expandindo para centros fabris, usina de sulfureto de carbono e de ácidos,
fábrica de fósforos e pregos, de louças e azulejos, usina de cal, destilaria de
álcool, fábrica de papel e a primeira destilaria de petróleo de Cubatão.
Só as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo
(IRFM) chegaram a contar com mais de 200 fábricas. Seu braço de negócios o
obrigou para ter suporte à toda sua expansão industrial, possuir um banco, uma
frota de navios, um terminal no porto de Santos e duas locomotivas para
transportar mercadorias, isto sem mencionar nos seus imóveis e de sua família
que incluíam aquela enorme mansão na Avenida Paulista, destruída num dia, para
fugir dos braços políticos da então Prefeita de São Paulo Luiza Erundina, que
queria tombá-la e transformá-la num “Museu do Trabalhador” e que certamente sua
destruição e demolição, na década de 1990, provocou muita polêmica e encheu de
notícias e factoides a imprensa da época.
Muitos dos operários em suas fábricas eram
imigrantes italianos. Fora da colônia, Matarazzo era visto com desconfiança
pela elite tradicional e pela nascente classe média urbana, que não impediu sua
empreitada de ações também sociais e culturais.
Em 1928, Francisco Matarazzo participou da
fundação do Centro das Indústrias de São Paulo, que viria a ser a FIESP. Pouco
tempo depois seu neto, Ermelino Matarazzo, seguindo exemplo do avô, construiu
um edifício que abrigou a sede de suas indústrias, o famoso Edifício Matarazzo
hoje é conhecido como Palácio do Anhangabaú (ou apelidado de Banespinha) que
abriga, desde 2004, a sede da prefeitura.
Em 1904, construiu o Hospital Matarazzo que
em pouco tempo se tornou referência na formação de profissionais, sendo sua
maternidade considerada a melhor da América do Sul, por um bom tempo. Sua
construção foi tombada em 1986 como bem cultural de interesse
histórico-arquitetônico.
Mas uma grande obra e sonho do velho conde
teve um final inusitado:
Em 1954, ano do IV Centenário da cidade de
São Paulo e da comemoração dos cem anos de nascimento do Conde Francesco
Matarazzo, foi anunciada a construção da Universidade Comercial Conde Francisco
Matarazzo. A ideia básica é ser uma universidade para assuntos relacionados a
economia e para torna-la real foi projetada uma construção em estilo eclético,
de gosto italiano, mais no estilo do neoclassicismo.
Claro que um arquiteto italiano (Marcello
Piacentini) foi convidado pelo Conde Matarazzo Sobrinho para elaborar estudos
para um projeto cuja principal característica seriam colunas, muros lisos,
ampla fachada contornada por linhas abstratas. Uma primeira concepção aconteceu
em 1938.
Mas na década de 50, o engenheiro Francisco
da Nova Monteiro assumiu a direção do projeto, alterando sua concepção, e sua
construção foi iniciada no primeiro semestre de 1954 e arrastou-se pelos anos
seguintes. Tendo já sua estrutura básica edificada, a universidade nunca foi
instalada, embora se pretendia que ela seria mantida pela Fundação Conde
Francisco Matarazzo.
No início da década de 1960 o Grupo Matarazzo
já passava por enormes dificuldades financeiras e por conta disto, iniciou-se
negociações com o Governo do Estado de São Paulo para a desapropriação do
imóvel para o pagamento de dívidas fiscais do grupo junto ao erário Estadual, e
portanto o projeto da sonhada universidade não vingou e o imóvel foi
desapropriado.
Em 1964,
durante a gestão do governador Adhemar de Barros, o edifício passou por
adaptações arquitetônicas e veio a ser a nova sede do governo, efetivada em
1970. A legalização desta mudança se fez pelo Decreto Estadual nº 43.225, de
22/04/1964, onde o governador assinava a declaração de utilidade pública do
terreno e suas benfeitorias.
Em 30 de março de 1970, já sob a gestão de
Abreu Sodré, o palácio torna-se a sede definitiva do governo paulista, com o
nome de Palácio dos Bandeirantes, abandonando de vez a antiga sede de governo,
o Palácio Campos Elíseos no centro da cidade.
Já que o sonho da universidade não se
concretizou, a partir deste momento houve um esforço no sentido de fazer do
palácio do governo um centro de cultura, com a constituição de acervo de
mobiliário, quadros e objetos e então atendendo a expressa orientação do
governador Abreu Sodré, o seu secretário da Fazenda, Luiz Arrobas Martins,
criou uma comissão da qual participavam Oswald de Andrade, Paulo Mendes de
Almeida, Sílvia Sodré Assunção, Marcelo Ciampolini, Pedro Antonio de Oliveira
Neto, entre outros pelos quais iniciou-se à aquisição de obras de arte que hoje
compõe o Acervo Artístico Cultural dos Palácios Governamentais, dos quais o
Palácio dos Bandeirantes é o maior deles.
Na área externa do palácio (de 125 mil metros
quadrados), há uma história de São Paulo sendo contada em meio a bosques, nos
quais convivem mais de duas mil árvores, entre elas, Pau Brasil, a árvore
símbolo do Brasil, o Ipê Amarelo, a flor símbolo do Brasil, Ipê Rosa, Palmeira
Jerivá, Castanheira, Cedro do Líbano, Tipuana, Jequitibá Rosa, Cedrinho,
Quaresmeira, Jatobá, Jacarandá Mimoso, Paineira, Pata de Vaca, Pau Ferro,
Araucária, Cerejeiras e outras., misturando-se obras dos artistas plásticos
Bruno Giorgi e Felicia Leirner.
Com este cenário ambiental já foram
catalogadas 40 espécies de aves que fazem do bosque e de seus jardins seu
habitat, das quais destaca-se os pica-paus amarelo e negro, quero-quero,
joão-de-barro, tico-tico, alma-de-gato e o sabiá-laranjeira, a ave símbolo do
Brasil.
O nome da edificação, Palácio dos
Bandeirantes, ficou como uma homenagem aos antigos exploradores que ampliaram
as fronteiras do território brasileiro. Seus corredores largos e iluminados abrigam
a administração executiva estadual, a casa militar e a residência oficial do
governador.
Se uma
Universidade não se tornou realidade, pelo menos um centro de cultura foi
instalado e é preservado, tanto como a estilosa edificação com sua enorme área
de preservação ambiental.
O Palácio é aberto ao público, sempre com
acompanhamento de um guia. Quadros de Candido Portinari, Alfredo Volpi, Tomie
Ohtake são visitados no salão nobre. Durante a visita é possível ainda conhecer
o Salão de Pratos, com peças de louça incríveis e a Galeria dos Governadores,
com a história dos principais governadores de São Paulo. As obras retratam um
Brasil bastante diversificado, recebendo milhares de visitantes atraídos pelas
obras e exuberância de seu jardim/bosque.
Para pesquisadores o Palácio fornece
panfletos e textos informativos sobre seus os objetos de arte, assim como da
história e da relevância política da construção.
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