Chevrolet Chevette S/R, Brasil
Fotografia
O mundo da
publicidade é repleto de magia: no comercial da TV, o Chevette saía de São
Paulo pela Via Anchieta a 120 km/h, percorrendo as curvas da Estrada de Santos
em total segurança. Na Baixada Santista, ele voava baixo pelos trechos de terra
da Rio-Santos.
Era uma meia-verdade: pequeno, leve e com
suspensão firme, o Chevrolet era um dos carros mais estáveis da década de 70.
Tão estável que faltava um motor à altura do conjunto. Os proprietários ficavam
restritos à anemia do 1.4 de 69 cv ou à decepção da versão esportiva GP, com
seus parcos 72 cv.
Foi assim que os Chevette se tornaram
figurinha fácil nas oficinas de preparação. Valia tudo para extrair mais
potência, como carburadores duplos, pistões de cabeça plana, aumento de
cilindrada e até turbo. A GM se fazia de rogada: aos olhos dela o Chevette era
um carrinho econômico e racional.
Rumores de uma versão mais potente surgiram
no Salão do Automóvel de 1978. A estrela no estande da GM era o Chevette S/R,
estudo do departamento de estilo que trazia pintura degradê, apêndices
aerodinâmicos e instrumentação completa. Sob o capô, um novo motor 1.6.
A ideia ficou
só no protótipo, até ser retomada em 1980, após o sucesso do modelo hatch. A GM
aproveitou itens do Chevette americano e lançou o S/R (Sport Racing) já como
linha 1981. Era caracterizado por spoiler, faróis de neblina, faixas e
aerofólio, mas a principal novidade era o motor 1.6.
Os 80 cv não faziam milagres, mas já
empurravam melhor seus 898 kg: 0 a 100 km/h em 16,55 segundos (3 mais rápido
que o comum) e máxima de 148,76 km/h (10 km/h mais veloz). Ainda perdia para o
VW Passat TS, mas podia disputar posições com Fiat 147 Rallye e Ford Corcel II
GT.
Mas nenhum desses esportivos oferecia os prazeres da tração traseira do
Chevette. A direção rápida e precisa do S/R não sofria a influência do torque
aplicado sobre as rodas dianteiras e casava perfeitamente com seu comportamento
neutro, resultado das barras estabilizadoras de maior diâmetro.
Ruim mesmo era
a ergonomia: o volante era inclinado à esquerda, assim como os pedais, que não
permitiam o punta-tacco. O câmbio sustentava seus predicados, com os engates
secos e precisos de sempre. Ficou devendo apenas a quinta marcha, essencial
para diminuir o consumo.
Mas para ajudar havia um vacuômetro montado
no painel, entre o velocímetro e o conta-giros. O console central trazia o
marcador de combustível, relógio, termômetro e voltímetro. Porém nem sinal do
manômetro de pressão do óleo.
O interior era arrematado pelo estofamento
xadrez e pelo revestimento preto do teto. Havia duas combinações de cores:
Preto Formal com detalhes em prata ou Prata Diamantina com detalhes em preto
fosco, como este exemplar das fotos, que integra o acervo da oficina de
restauração Seta Clássicos, de São Paulo. As rodas de liga leve eram opcionais.
Na essência, o S/R era mais um esportivo 2+2: acomodava bem dois
adultos, mas o banco traseiro era bom apenas para crianças. O raso porta-malas
de apenas 254 litros ratificava a vocação nervosa, que durou apenas dois anos.
Reestilizado em 1983, o Chevette manteve o motor de 1,6 litro, mas abriu mão da
versão esportiva com a chegada do moderno Monza, que logo teria seu próprio S/R.




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