GT Malzoni, Brasil
Fotografia
Criar um carro
faz parte do sonho de boa parte dos meninos. Mas, daí para a realidade, as
chances são quase as mesmas de se tornar um super-herói.
Já para o universitário Francisco “Kiko”
Malzoni, que intercalava os estudos na faculdade de economia com modificações
nos carros que dirigia, a empreitada não exigiria superpoderes. E aceitou o
desafio de um amigo que queria um carro totalmente novo.
Aqui vale uma explicação e referência
genética. Se você ainda não estabeleceu a ligação, Kiko é filho de Genaro
“Rino” Malzoni, idealizador do Puma e um dos sócios da fábrica que o produziu.
Para executar o pedido de um carro exclusivo, ao fim de 1975 Kiko pediu
ao pai a forma do GT 4R – esportivo do qual foram feitos apenas três
exemplares, sorteados em 1969 entre os leitores de QUATRO RODAS, que serviria
de base para o projeto.
O GT foi
desenvolvido na oficina de um amigo no Rio de Janeiro. Pintura e acabamento
foram feitos em São Paulo.
Rino gostou tanto do trabalho do filho que
decidiu levar o carro ao Salão do Automóvel de 1976, ainda que achasse que o
preço alto deveria inviabilizá-lo. Surpreendentemente, o custo de produção não
foi suficiente para afastar os candidatos e os dois decidiram produzir o carro
em Araraquara (SP), local em que foram concebidos os protótipos Puma.
Quando QUATRO
RODAS publicou suas Impressões ao Dirigir do GT em agosto de 1978, a produção
já tinha sido transferida para Matão (SP), onde ficava a Marques Indústria e
Comércio de Veículos, que adquiriu a patente do projeto.
Durante a reportagem, numa visita à fábrica,
a reportagem conferiu uma versão conversível sendo desenvolvida. O cupê custava
220.000 cruzeiros, equivalente hoje a 162.000 reais.
Os bancos eram originalmente de veludo e
reclináveis e as portas, revestidas de couro, tinham vidros elétricos.
Ao volante, a ergonomia não era perfeita: o
pé tocava de lado o acelerador e o freio de mão baixava até espremer os dedos.
Forrado de couro, o painel era completo, mas o volante atrapalhava a visão.
A genérica opção pela mecânica Volkswagen a ar facilitava a vida do
construtor, mas impunha realistas 65 cv à proposta esportiva do carro.
“Equipado com motor VW 1600, o carro não supera em velocidade máxima nem mesmo
o Passat com motor de 1 500 cm3”, dizia QUATRO RODAS.
Em
compensação, o teste registrava que, nas frenagens mais bruscas, o carro não
alterava a trajetória e ressaltava o reduzido nível de ruído. Em defesa do
desempenho de sua criatura, o criador afirma que, pelo fato de ter acordo com
os principais preparadores da divisão 3 na época, boa parte da produção saiu
com motor 2.0 e potência em torno de 110 cv.
“O último deve ter sido feito em 1978”, diz
Kiko. Sua estimativa é de 35 a 45 unidades produzidas no total. Ele seguiu
carreira em economia e finanças, mas guarda em sua garagem algumas das melhores
obras de Rino. Homenagem a um clássico da nossa indústria, o segundo GT Malzoni
foi um atraente exemplo de como a paixão por carros passa de pai para filho.







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