Fiat Oggi CSS, Brasil
Fotografia
O pequeno Fiat
147 não cresceu, mas multiplicou-se. Depois de dar origem à picape e ao furgão
Fiorino, além da perua Panorama, em 1983 foi a vez de ousar no sedã.
No imaginário brasileiro da época, esse tipo
de carro, ainda que derivado de hatches compactos, era visto como algo acima da
classe a que pertencia. A concorrência já estava acirrada, tendo Chevette e
Voyage como as grandes forças da categoria. O trunfo do Oggi estava no
porta-malas, um latifúndio de 440 litros.
Também em
tecnologia ele saía na frente. Com o Oggi, estreava no Brasil um recurso que
ficaria mais conhecido depois de 1988, já na era da injeção eletrônica: o
sistema de cut-off, que fechava a borboleta de aceleração por meio de uma
válvula eletromagnética, aumentando a economia de combustível nos grandes
declives.
Avanços técnicos, no entanto, não conseguiam
ofuscar seu desenho um tanto burocrático. Eram praticamente as linhas gerais do
Spazio com o acréscimo de uma longa traseira. Até mesmo as lanternas traseiras
eram iguais às daquele 147 com desenho mais moderninho, o que definitivamente constrastava
com o estilo bem mais quadrado, porém mais equilibrado, do Voyage.
Não demorou
para que o carrinho fosse posto para correr. Lançado no ano em que a Fiat
sagrara-se campeã de Marcas e Pilotos, ele não haveria de fugir da luta nas
pistas. Mas a condição era que existisse uma série de carros de rua que
permitisse a homologação para as pistas.
Como forma de promover o Oggi e ao mesmo
tempo transformá-lo em carro competitivo, em fins de 1984 surgia uma versão
limitadíssima, com tiragem de apenas 300 exemplares: a CSS (Comfort Super
Sport).
De cara, chamava atenção por ter apenas uma
cor: preta, com faixas adesivas vermelhas bem finas, mais o nome em letras bem
maiores que as usadas nos Oggi“civis”.
Com rodas de
liga leve e piscas dianteiros transparentes, o primeiro Fiat nacional com motor
acima de 1,3 litro não ficava apenas na aparência nervosa. Para ser mais
preciso, eram 1.415 cm3, uma cilindrada que chegava a 1490 cm3 nas unidades
endereçadas aos autódromos. Com isso, mais cabeçote especial, atingia potência
líquida de 78 cavalos, boa marca para a cilindrada e melhor ainda levando-se em
conta que aqueles eram tempos carburados.
Outras mudanças mecânicas ocorriam no câmbio:
mantendo cinco marchas, usava escalonamento mais curto e apresentava engates
mais macios e justos, melhorando tanto a esportividade quanto a facilidade de
condução.
Na frente, homocinéticas de maior capacidade
e barra estabilizadora de 21 milímetros, 2 a mais que os 19 da linha. Atrás,
bandejas de suspensão novas, que possuíam uma borda mais pronunciada que as
normais da família. Todas essas mudanças acabariam também sendo incorporadas ao
Uno, que também estreava naquele mesmo ano.
Não escondendo sua vocação esportiva, chama
atenção a cambagem das rodas traseiras, bastante negativa para a média dos
carros de rua. Essa característica ajudava, nas curvas mais fortes em
velocidades idem, a transmitir sensação de controle ao motorista. Os carros de
pista tinham cambagem ainda mais negativa e contavam com amortecedores
reguláveis. Para completar o kit, uma caixa de direção mais direta.
Nas ruas, os
CSS também mudavam interiormente, adotando o mesmo painel mais esportivo do
Spazio TR, com conta-giros. À esquerda do quadro de instrumentos, completam o
conjunto manômetro de óleo e voltímetro. No lugar dos bancos baixos e com
encosto de cabeça regulável em altura, entravam outros mais altos e
envolventes.
Para trás, a visibilidade era auxiliada por
dois retrovisores externos modelo Panther, com comando interno por alavanca. O
acabamento, com predomínio da cor preta, era quebrado pelo veludo dos bancos e
portas mais a costura usando uma viva cor vermelha, mesma tonalidade dos cintos
de segurança, iniciando uma marca que ficaria registrada nos Uno R e
recentemente ressuscitada pela versão esportiva do Palio.
O volante era
de quatro raios, com o mesmo desenho do fora-de-série Dardo, mas com aro de
borracha espumada que costumava se esfarelar com o tempo. Ao centro, o logotipo
Fiat de desenho mais tradicional, semelhante ao que foi recentemente
reincorporado à marca.
Porém, se em 1983 a Fiat fora bem no
campeonato, no ano seguinte comeu poeira dos Voyage e Escort das equipes
adversárias. Ainda assim, os Oggi de briga fariam bonito naquele ano, chegando
em segundo lugar na categoria B das Mil Milhas nas mãos de Átila Sippos e Egon
Herzfelt. Perdeu apenas de um 147, mas ficou na frente de todos os Escort que
correram a prova. Sob a batuta de Fábio Sotto Mayor e Paulo Gomes, também
chegou em segundo nas 12 Horas de Goiânia.
Ainda que bom
nas pistas, o Oggi não teve carreira brilhante, tendo se retirado de cena em
1985, dando lugar ao Prêmio. Nas pistas, a defesa da Fiat no campeonato de
Marcas e Pilotos ficava a cargo do Uno, que dispensava o motor do CSS, uma vez
que seu 1.3 enquadrava-se no regulamento.
Hoje, achar um daqueles 300 Oggi de briga é
raro e as unidades restantes andam conseguindo bons preços de venda. O
empresário Roberto Jacob, dono do carro que você vê aqui, é um desses casos de
gente que queria o modelo na época em que era zero. O exemplar, com 106.000
quilômetros, foi adquirido de seu primeiro dono.
Se já é difícil encontrar um Oggiem bom
estado, o CSS é figurinha ainda mais carimbada, um novo item a freqüentar a
lista dos colecionadores.
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