Ford Escort XR3 1.8, Brasil
Fotografia
Os anos 70
foram animados para os fãs da Ford: durante sua breve existência, o Maverick GT V8 travou uma batalha equilibrada pelo
título de melhor esportivo nacional, revezando o pódio com o Chevrolet Opala SS
e o Dodge Charger R/T.
Porém, ao fim da década, o bastão foi passado
ao Corcel II GT: com metade dos cilindros e menos de um
terço da cilindrada, era difícil sorrir com suas respostas tímidas do
acelerador.
Pensando em resgatar os bons tempos, a Ford
preparava a chegada do Escort, carro mundial em sintonia com tudo o que a marca
oferecia de melhor globalmente.
Os mais
empolgados torciam pela chegada da versão esportiva XR3, que na Europa usava o
moderno motor 1.6 CVH de quatro cilindros, comando de válvulas no cabeçote e
ótimos 97 cv.
Mas veio um balde de água fria: a versão
brasileira ganhou o velho 1.6 CHT (Compound High Turbulence), evolução da linha
Corcel.
Movido só a álcool, necessitou de um bom
esforço da Ford, que extraiu dele parcos 82,9 cv. Os donos do XR3 coravam de
vergonha ao ficarem lado a lado com os VW Gol GTS ou GT, Chevrolet Monza S/R e Fiat Uno 1.5R.
A redenção veio só em 1989: para combater o
recém-chegado Chevrolet Kadett, a Autolatina (joint venture entre
Ford e Volkswagen) tirou de cena o anêmico CHT e colocou o AP 1800 S, já usado
no Gol GTS.
O “híbrido” virou capa de revista e logo
ganhou o apelido de Escortwagen. Ninguém ficou indiferente, dos puristas da
marca ao público ávido por desempenho. E que desempenho!
Foi de 0 a 100 km/h em 10,45 segundos e
chegou a 172,8 km/h de máxima no teste da edição de julho de 1989. Era mais
rápido que o próprio Gol GTS – ficava atrás só do Gol GTI e Kadett GS, com
motores 2.0.
Entre as novidades estavam o câmbio alemão
(do VW Golf), as rodas, as saias laterais e os piscas brancos.
Era quase um
novo carro: com 99 cv declarados (comenta-se que a potência real era maior, mas
que fora rebaixada para recolher menos IPI), as respostas imediatas também
favoreciam o consumo, que era só ligeiramente maior que o do motor CHT.
Civilizado, era um dos automóveis mais
silenciosos do país, apresentando dirigibilidade neutra, com tendência ao
sobresterço (saída de traseira) no limite da aderência.
Satisfeito, o piloto Christian Fittipaldi
lamentou apenas a ausência do comando elétrico dos retrovisores externos, na
edição de agosto de 1989.
Além do desempenho, o XR3 agradava no
acabamento, porta-malas e mimos como o teto solar. Com a crise do etanol
provocada pela entressafra da cana na virada da década, os consumidores
exigiram um XR3 a gasolina.
A queda no desempenho foi expressiva: 0 a 100
km/h em 12,40 segundos e máxima de 166 km/h. Pelo menos o consumo médio de 12
km/l garantia boa autonomia ao tanque de 64 litros.
Sem o fôlego de antes, o XR3 apelou para o
requinte em 1990: novo estofamento, antena e espelhos externos com acionamento
elétrico, luz de advertência para portas abertas, para-choques da cor da
carroceria e temporizadores para desembaçador traseiro e luz de cortesia. Para
finalizar, regulagem de altura para o banco do motorista.
Enquanto isso,
preparadores e autorizadas criavam versões mais potentes, baseadas no 2.0 do VW
Santana.
Para encerrar a produção da primeira geração
em grande estilo, a Ford lançou a série Fórmula em 1991. Limitada a 750 carros
nas cores vermelho Munique e azul Denver (como o modelo da foto), trazia faixas
exclusivas, rodas diamantadas e amortecedores eletrônicos Cofap.
Nenhum outro esportivo tinha o mesmo conforto
de rodagem: de 20 a 100 km/h, os amortecedores trabalhavam com pouca carga,
elevando-a automaticamente em frenagens. Mas era possível manter a calibração
firme em tempo integral desativando a função por uma tecla no painel.
Antes de sair de cena, o XR3 ainda ganhou a
direção hidráulica, mas suspensão inteligente nunca mais foi vista num nacional
e o aguardado motor 2.0 ficou para a segunda geração do XR3, em 1992.



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