sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Volkswagen Voyage Sport, Brasil





Volkswagen Voyage Sport, Brasil
Fotografia


A abertura das importações na virada da década de 90 expôs a indústria automobilística a uma desagradável realidade: quase todos os carros nacionais eram caros e defasados, em comparação com os importados.
Como não po­diam esperar anos para atualizar seus produtos, as montadoras tiveram que improvisar, por isso requentaram alguns modelos dos anos 80 para não perder mercado. Entre eles, estava o Voyage Sport.
Lançado em 1993, parecia uma reprise do Voyage GLS, descontinuado em 1991 para não canibalizar seu irmão da Autolatina, o VW Apollo. Com o fim do Apollo, em 1992, as portas estavam abertas a uma versão mais requintada e potente do sedã, tradição iniciada em 1985 com o Voyage Super.
Na essência, ele era uma versão mais prática e sóbria do Gol GTS, que desde 1987 figurava entre os carros mais rápidos do Brasil. Deixava de lado o aerofólio e as luzes de longo alcance, mas mantinha os faróis de neblina e as rodas de liga leve raiadas, no estilo das clássicas BBS alemãs.
No interior, o requinte ficava por conta dos bancos Recaro e portas revestidos de tecido navalhado. O clássico volante esportivo VW, de buzina com quatro botões, era revestido de couro, assim como o pomo da alavanca do câmbio.
Disponível em Preto Universal ou Prata Lunar, a pintura chegava até a parte inferior dos para-choques e aos retrovisores, elétricos, assim como vidros e travas. A decoração era finalizada com apliques cinza nos para-choques e lanternas fumês (como no Gol GTi).
Entre os opcionais, só toca-fitas, porta-fitas no console e ar-condicionado. No modelo 1994, a direção hidráulica entrou nessa lista, pondo um fim às críticas de quem sofria para esterçar os largos pneus 185/60 R14.
Sob o capô estava o aclamado motor VW AP-1800S, do Gol GTS e da Parati GLS: a diferença para o AP-1800 estava no comando de válvulas 049G e na recalibração do carburador. A maior elasticidade era comprovada pelos números: 105 cv, contra 96 cv do motor a álcool de linha.
Ágil e com só 945 kg, ia a 100 km/h em 11,75 segundos e retomava de 40 a 100 km/h em 20,59, figurando entre os dez melhores do ranking da QUATRO RODAS, na versão a álcool. A velocidade máxima foi de 171,2 km/h.
Ao volante, apresentava o mesmo comportamento neutro dos Gol esportivos: neutro, com tendência ao subesterço no limite. A crítica ia para o freio: apesar da boa modulação, sofria com o fading, devido ao disco sólido na dianteira.
A produção durou só de 1993 a 1995. Além de mais conforto aos passageiros traseiros (pela linha do teto mais alta) e mais espaço para bagagens, alguns elogiavam a rigidez do monobloco, superior pela ausência da terceira porta presente no Gol.
Esportivo sem ser beberrão e estável sem ser desconfortável, deixou saudade, e os poucos que restaram hoje estão nas mãos de cuidadosos donos, como o carro das fotos, do gerente comercial Ayrton de Negreiros Jr., de Piracicaba (SP). Adquirido em 2007, passou por uma restauração total: “Só de funilaria foram dois anos”, diz.
Descontinuado em 1996, o Voyage era só uma vaga lembrança dos brasileiros até ser reapresentado em 2008 – mas sem a mesma esportividade de um motor próprio e das duas portas.

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