Ford Escort XR3, Brasil
Fotografia
O Escort foi a
maior novidade da Ford em 1983, projeto mundial que trouxe grandes avanços:
motor transversal, aerodinâmica apurada e suspensão independente nas quatro
rodas.
Mesmo com
ênfase na economia, o departamento de marketing aprovou a versão XR3, que logo
se tornou objeto de desejo.
Sigla para
Experimental Research 3, o XR3 era o mais caro dos Escort e diferenciava-se por
apêndices aerodinâmicos, faróis auxiliares (de neblina e longo alcance), rodas
aro 14 com pneus 185/60 e teto solar.
O interior
trazia o caprichado acabamento Ford, caracterizado por bancos esportivos e
volante de diâmetro reduzido.
No lugar do
moderno motor CVH (Compound Valve angle Hemis-pherical chamber) europeu, o
Escort nacional recebeu o CHT (Compound High Turbulence). Era uma
atualização daquele utilizado no Corcel desde 1968, ainda com comando no bloco.
O cabeçote
teve dutos e válvulas redimensionados, o comando foi substituído por outro mais
agressivo e ganhou novos coletores de admissão e escape.
A potência
saltou de 73 cv para 82,9 cv com etanol: bem longe dos 97 cv do XR3 europeu,
mas o suficiente para ir de 0 a 100 km/h em 14,34 s e chegar a 164,76 km/h.
Agradou pelas
respostas rápidas, marcha lenta regular e funcionamento sem falhas. O
escapamento era dotado de um ronco grave e peculiar mas com baixo nível de
ruído.
O câmbio de
engates precisos tinha relações de marchas mais curtas para manter o motor
sempre em rotações mais altas, mas sem comprometer o consumo.
Bem mais firme
que a do Escort normal, a suspensão garantia ótima estabilidade e comportamento
tipicamente esportivo, com tendência ao subesterço no limite da aderência e
sobresterço ao aliviar o acelerador.
Freios
eficientes e direção precisa pareciam agradar o jovem piloto Ayrton Senna,
garoto-propaganda do XR3.
Seu brilho foi
rapidamente ofuscado pela concorrência. Em abril de 1984, surgiu o VW Gol GT,
melhor em estabilidade e desempenho graças ao seu 1.8 calibrado para render
declarados 99 cv.
A aerodinâmica
deficiente o tornava um pouco mais veloz que o XR3, porém era consideravelmente
melhor em acelerações e retomadas.
Mas seu apelo
não mudou. O XR3 das fotos é a série especial Laser, uma das novidades para
1985, sempre branco Andino e com filetes coloridos nas laterais e calotas
alemãs.
A outra foi a
carroceria conversível, produzida em conjunto com a Karmann Ghia: era 75% mais
caro que o XR3 fechado.
Reestilizado,
o modelo 1987 foi capa de QUATRO RODAS com a grade integrada ao para-choque, capô
e faróis redesenhados e lanternas sem ranhuras horizontais.
Perdeu os
faróis de neblina, mas ganhou 4 cv graças ao menor atrito dos componentes
internos do novo CHT E-Max.
Sem fôlego
para encarar os novíssimos VW Gol GTS e Fiat Uno 1.5 R, o XR3 apostava em um
interior luxuoso e confortável.
Para que
ninguém duvidasse de seu temperamento pacato, a suspensão foi recalibrada para
oferecer mais conforto: adotou amortecedores pressurizados e barra
estabilizadora traseira para atenuar a maior rolagem da carroceria.
O XR3 só mudou
sua personalidade em junho de 1989: a estreia do Chevrolet Kadett forçou a
Autolatina (união entre Ford e VW) a utilizar o motor AP 1800 S, o mesmo do Gol
GTS.
A potência
declarada ainda era de 99 cv, mas há quem diga que era maior: chegava a 100
km/h em 10,45 s e atingiu 172,8 km/h de máxima. O novo XR3 só ficava atrás
do Gol GTI e Kadett GS, com motores 2.0.
Os três
últimos anos de produção foram marcados por para-choques da cor da carroceria,
amortecedores eletrônicos Cofap (série especial Fórmula, de 750 unidades) e
direção hidráulica.
Para muitos
fãs, o XR3 de segunda geração apresentado na linha 1993 não foi um sucessor à
altura.
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