Volkswagen Gol GT, Brasil
Fotografia
A indústria automobilística nacional é notória
pelo número de modelos
desenvolvidos especificamente para o mercado brasileiro.
Uma das
histórias mais interessantes é a do Gol GT, versão esportiva que surgiu para
corrigir o destino do automóvel que liderou o ranking de vendas durante 27 anos
consecutivos.
O Gol foi a grande
novidade da Volkswagen em 1980, a esperança da marca para repetir o sucesso que
o Golf teve na Alemanha em 1974 ao suceder o Fusca.
Só havia um
problema: em vez de utilizar os motores EA111 e EA827 refrigerados a água, a
filial de São Bernardo do Campo insistiu no 1.3 refrigerado a ar herdado do
Fusca.
Era um
paradoxo: um carro bonito, moderno e estável sabotado por uma mecânica com mais
de 40 anos.
Seu desempenho
era capaz de irritar até o mais pacato dos motoristas: máxima de 124,67 km/h e
0 a 100 km/h em 30,27 segundos. Um automóvel fraco na cidade e perigoso
nas rodovias.
A má fama fez
com que o Gol encalhasse nas concessionárias, o que não ocorreu com o sedã
Voyage em 1981 e a perua Parati em 1982.
A boa
aceitação de ambos se deu em parte em função dos eficientes motores 1.5 e 1.6
refrigerados a água do Passat, similares ao utilizado pelo Golf alemão. A
solução apareceu em abril de 1984.
“O Gol GT foi
uma iniciativa do diretor de engenharia na época, Philipp Schmidt”, conta o
designer Gerson Barone, 40 anos dedicados à VW. “Era um alemão inovador e
extremamente exigente, com forte obsessão pela qualidade e tecnologia”.
O Gol
esportivo era impulsionado por um inédito motor de 1,8 litro e potência
declarada de 99 cv, bem acima dos 81 cv do Voyage e da Parati.
Era o
suficiente para levar seus 934 kg de 0 a 100 km/h em menos de 11 segundos, com
máxima beirando os 170 km/h. Boa parte desse desempenho vinha do comando
de válvulas, o mesmo do Golf GTI alemão.
O esportivo de
Wolfsburg também serviu de inspiração para a decoração esportiva: faróis
redondos de longo alcance, pneus 185/60 em rodas Avus aro 14, grade na cor da
carroceria, defletor dianteiro e um belo escapamento de saída dupla.
O
comportamento dinâmico estava à altura do novo motor: a suspensão dianteira
recebeu molas mais rígidas e barra estabilizadora mais grossa e os
amortecedores foram recalibrados.
As pinças de
freio foram redimensionadas e a direção adotou relação mais lenta em função dos
pneus largos.
O conjunto
ótico dianteiro era o usado no Voyage e na Parati, com enormes faróis
retangulares ladeados por piscas verticais.
Na traseira
havia um aplique preto fosco entre as lanternas e na tampa, e o vidro recebeu
um adesivo com a inscrição GT. A cilindrada era orgulhosamente exibida por
adesivos na traseira e laterais.
O capricho se
repetia no interior: bancos esportivos Recaro, volante de quatro raios do Passat
TS, conta-giros e console com relógio digital.
O câmbio de
quatro marchas foi substituído no ano seguinte por outro de cinco, mas a
relação final de transmissão permanecia inalterada, com velocidade máxima na
última marcha.
Era mais ágil
que o Ford Escort XR3,
limitado pelo arcaico motor 1.6 e comando de válvulas no bloco. Logo ganhou a
companhia do Passat GTS Pointer, que adequou a mesma receita a um perfil
familiar.
O motor AP foi
adotado em meados de 1985, com bielas mais longas para melhor rendimento e
funcionamento mais suave.
Poucas
alterações foram realizadas até o encerramento da produção, em 1986: foram
adotados faróis de neblina, regulagem de altura para o banco do motorista e o
belíssimo volante “quatro bolas”.
Outro
concorrente de respeito foi o Monza S/R, mas a tarefa de enfrentá-lo foi
repassada ao sucessor GTS, que surgiu em 1987 com as belas rodas “pingo d’água”
e aerofólio traseiro.
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