Ford Galaxie LTD, Brasil
Fotografia
Nos anos 60,
era fácil importar um sedã de luxo. Difícil era mantê-lo, dada a carência de
peças de reposição e falta de mão de obra qualificada.
Mas havia uma alternativa para esse público:
num Brasil cheio de Fusca e DKW, luxo era ter espaço interno generoso, rodar
macio e motor forte.
Mas ainda era pouco diante dos importados,
por isso a Ford decidiu enfrentá-los com um Galaxie mais potente e requintado:
o LTD (Limited) fazia sua primeira aparição na linha 1969.
Ele ganhou o motor V-Block de 4,8 litros (e
190 cv) e foi o primeiro nacional a oferecer o câmbio automático. No interior,
direção hidráulica, ar-condicionado, banco traseiro com apoio de braço central
e apliques de jacarandá-da-baía nas portas e painel. Por fora, teto de vinil
preto, grade redesenhada, frisos e emblemas exclusivos.
Faltava apenas
o aval dos especialistas: entre 1969 e 1971, o LTD passou pelo crivo dos
pilotos Stirling Moss, Jackie Stewart, Colin Chapman e Emerson Fittipaldi,
cujas avaliações foram publicadas na QUATRO RODAS.
Todos elogiaram conforto, silêncio e
acabamento, mas não gostaram de freios, desempenho e estabilidade. O LTD não
era feito para andar rápido, mas sim para ser curtido com calma, de preferência
no banco de trás.
Mesmo sem
rivais no Brasil, a Ford não se acomodou: o Galaxie tornou-se ainda mais
exclusivo em 1971, quando o LTD virou LTD Landau.
O vidro traseiro foi substituído por outro
menor e a coluna traseira recebia um adorno simulando a dobradiça da capota
basculante das carruagens de mesmo nome. Os freios passavam a ser
servoassistidos, recebendo discos dianteiros apenas no ano seguinte.
Uma leve reestilização veio na linha 1973:
lanternas trapezoidais e piscas inseridos em painéis metálicos que ladeavam a
grade. Em 1976, viria a última mudança: os quatro faróis agora estavam na
horizontal, com os piscas deslocados para as extremidades.
A traseira recebia seis lanternas, com a ré
no para-choque, e as calotas agora eram lisas, ostentando o logotipo da Lincoln
americana. O mesmo logotipo, só que na horizontal, ressurgia sobre o capô, como
uma mira. Abaixo dele, um V8 5.0 de 199 cv.
A partir desse
ano, o LTD passa a ser o Galaxie intermediário, desvinculado do Landau: perde o
vidro traseiro menor, porém é o único a permitir a escolha da cor do vinil do
teto, preto ou areia. É desse ano o carro das fotos.
“Dos LTD, este era o top, já que contava com
todos os opcionais, opção interessante por ser mais barato que o Landau básico,
que não oferecia ar-condicionado e câmbio automático”, diz o colecionador Luiz
Henrique Mangolin.
Em 1979, o
ar-condicionado era integrado ao painel, sem a enorme caixa evaporadora sob
ele. Em 1980 estreava a versão a álcool: oferecia mais torque em baixa rotação
e mais potência em alta, o que se traduziu em uma elasticidade ímpar.
Seu único problema era a autonomia, já que o
consumo médio de 4,41 km/l secava logo o tanque de 107 litros.
O LTD acabaria em 1981, logo após o fim do irmão pobre Galaxie 500.
Todas as unidades produzidas naquele ano saíram da fábrica no bairro do
Ipiranga, em São Paulo, com ar e câmbio automático. O irmão rico Landau
permaneceria em linha até 1983, inigualado em maciez e espaço interno até hoje.
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