Ford Galaxie Standard, Brasil
Fotografia
Há 50 anos, o
Galaxie foi a principal atração do 5º Salão do Automóvel, realizado em 1966.
Era o primeiro carro de passeio produzido pela Ford no Brasil. Atualíssimo,
redefiniu o padrão de luxo dos automóveis nacionais ao combinar direção
hidráulica e ar-condicionado (e transmissão automática em 1969, no Ford LTD).
Entretanto, uma de suas versões mais curiosas
dispensou esses equipamentos em 1970: o Galaxie Standard.
“A Ford saúda o Dart e pede licença para
apresentar seu novo Galaxie.” Foi dessa forma que o fabricante anunciou a
versão acessível destinada a disputar mercado com o Dodge Dart.
Anunciado pela Chrysler como o carro de luxo
mais seguro, rápido, econômico e potente da categoria (198 cv), o Dart custava
NCr$ 23.950. Já o Galaxie 500 saía por NCr$ 32.590,00 sem opcionais,
o equivalente a dois Corcel Luxo ou quase três Fuscas.
O preço alto demais colocou as vendas do
enorme sedã em declínio. Os executivos da filial paulistana precisaram agir
rapidamente para salvar suas carreiras e preservar o investimento de Henry Ford
II, que queria produzir apenas utilitários.
A solução encontrada foi o Galaxie Standard,
por NCr$ 25.950. O maior carro nacional era imbatível na relação custo-metro:
5,33 metros de comprimento, 2 de largura e 3 metros entre os eixos. Os
passageiros continuavam desfrutando o mesmo espaço e conforto, mas era inegável
a supressão de inúmeros itens considerados supérfluos pela empresa de Dearborn.
Apelidado de
“teimosão” e “pé de camelo” (referência aos despojados Willys Teimoso e VW Pé
de Boi), o Galaxie exibia acabamento espartano por dentro e por fora. A grade
dianteira era a mesma do modelo produzido até 1968, com os frisos mais finos
pintados em preto fosco e sem o emblema central. A identificação externa se
resumia à inscrição “Ford” no lado esquerdo do capô e “Galaxie” na tampa do
porta-malas.
O aspecto simplório se estendia às laterais,
sabiamente escondidas pela campanha publicitária: as rodas de aço eram pintadas
com a mesma cor da carroceria e equipadas com as pequenas calotas centrais dos
modelos 1967. Os pneus eram os mesmos diagonais na medida 7,75 x 15, mas sem as
charmosas faixas brancas.
Os emblemas sumiram: a única concessão era o
refletor em acrílico vermelho no para-lama traseiro, item de segurança obrigatório
em todos os Ford. Na prática, os cromados se resumiam aos para-choques,
maçanetas das portas e molduras dos faróis: os frisos das caixas de roda,
portas e janelas foram abolidos, bem como o acabamento frisado em alumínio.
O interior também era sacrificado em nome da
economia: bancos e laterais de porta estofados em vinil preto com costuras
simples (com opção de tom vermelho).
O painel
perdia o rádio, relógio, acendedor de cigarros, ventilação forçada e a
luminária inferior. O carpete de buclê foi substituído por outro bem inferior.
Até a luz de cortesia do porta-malas foi eliminada.
Já não era possível dirigir com apenas um
dedo, pois a direção perdia a assistência. Porém, o Standard era o mais rápido
dos Galaxie – o motor 4.8 de 190 cv não sofria o arrasto da bomba da direção
hidráulica. O câmbio era manual, de três marchas.
A versão empobrecida não ajudou: a Ford
perdeu clientes para a Chrysler e GM. Mesmo espartano, o Galaxie Standard
custava mais que o Chevrolet mais caro da época, o Opala 3800 Luxo, por NCr$
21.704. As vendas (ainda) baixas levaram a Ford a caprichar em 1971: voltaram
os frisos e molduras cromadas.
É desse ano o Galaxie das fotos, do
colecionador André Chinelato: “O visual é tão requintado que só depois percebi
se tratar da rara versão Standard”. Rejeitado, o “Teimosão” teve menos de 100
unidades produzidas em 1972, ano em que foi descontinuado.
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