segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Ford Galaxie Standard, Brasil





Ford Galaxie Standard, Brasil
Fotografia


Há 50 anos, o Galaxie foi a principal atração do 5º Salão do Automóvel, realizado em 1966. Era o primeiro carro de passeio produzido pela Ford no Brasil. Atualíssimo, redefiniu o padrão de luxo dos automóveis nacionais ao combinar direção hidráulica e ar-condicionado (e transmissão automática em 1969, no Ford LTD).
Entretanto, uma de suas versões mais curiosas dispensou esses equipamentos em 1970: o Galaxie Standard.
“A Ford saúda o Dart e pede licença para apresentar seu novo Galaxie.” Foi dessa forma que o fabricante anunciou a versão acessível destinada a disputar mercado com o Dodge Dart.
Anunciado pela Chrysler como o carro de luxo mais seguro, rápido, econômico e potente da categoria (198 cv), o Dart custava NCr$ 23.950. Já o Galaxie 500 saía por NCr$ 32.590,00 sem opcionais, o equivalente a dois Corcel Luxo ou quase três Fuscas.
O preço alto demais colocou as vendas do enorme sedã em declínio. Os executivos da filial paulistana precisaram agir rapidamente para salvar suas carreiras e preservar o investimento de Henry Ford II, que queria produzir apenas utilitários.
A solução encontrada foi o Galaxie Standard, por NCr$ 25.950. O maior carro nacional era imbatível na relação custo-metro: 5,33 metros de comprimento, 2 de largura e 3 metros entre os eixos. Os passageiros continuavam desfrutando o mesmo espaço e conforto, mas era inegável a supressão de inúmeros itens considerados supérfluos pela empresa de Dearborn.
Apelidado de “teimosão” e “pé de camelo” (referência aos despojados Willys Teimoso e VW Pé de Boi), o Galaxie exibia acabamento espartano por dentro e por fora. A grade dianteira era a mesma do modelo produzido até 1968, com os frisos mais finos pintados em preto fosco e sem o emblema central. A identificação externa se resumia à inscrição “Ford” no lado esquerdo do capô e “Galaxie” na tampa do porta-malas.
O aspecto simplório se estendia às laterais, sabiamente escondidas pela campanha publicitária: as rodas de aço eram pintadas com a mesma cor da carroceria e equipadas com as pequenas calotas centrais dos modelos 1967. Os pneus eram os mesmos diagonais na medida 7,75 x 15, mas sem as charmosas faixas brancas.
Os emblemas sumiram: a única concessão era o refletor em acrílico vermelho no para-lama traseiro, item de segurança obrigatório em todos os Ford. Na prática, os cromados se resumiam aos para-choques, maçanetas das portas e molduras dos faróis: os frisos das caixas de roda, portas e janelas foram abolidos, bem como o acabamento frisado em alumínio.
O interior também era sacrificado em nome da economia: bancos e laterais de porta estofados em vinil preto com costuras simples (com opção de tom vermelho).
O painel perdia o rádio, relógio, acendedor de cigarros, ventilação forçada e a luminária inferior. O carpete de buclê foi substituído por outro bem inferior. Até a luz de cortesia do porta-malas foi eliminada.
Já não era possível dirigir com apenas um dedo, pois a direção perdia a assistência. Porém, o Standard era o mais rápido dos Galaxie – o motor 4.8 de 190 cv não sofria o arrasto da bomba da direção hidráulica. O câmbio era manual, de três marchas.
A versão empobrecida não ajudou: a Ford perdeu clientes para a Chrysler e GM. Mesmo espartano, o Galaxie Standard custava mais que o Chevrolet mais caro da época, o Opala 3800 Luxo, por NCr$ 21.704. As vendas (ainda) baixas levaram a Ford a caprichar em 1971: voltaram os frisos e molduras cromadas.
É desse ano o Galaxie das fotos, do colecionador André Chinelato: “O visual é tão requintado que só depois percebi se tratar da rara versão Standard”. Rejeitado, o “Teimosão” teve menos de 100 unidades produzidas em 1972, ano em que foi descontinuado.

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