Miura Saga, Brasil
Fotografia
“Aqui está uma
das maneiras de se dirigir um carro do século 21. A outra é esperar 14 anos.”
Pode até soar presunçoso, mas o texto do anúncio do Miura Saga de 1986 não
estava distante da realidade. O modelo era mesmo um mostruário dos mais
sofisticados recursos de bordo para automóveis. Até para os padrões atuais o
nível de equipamento do Saga impressiona. Nos anos 80, então…
Revelado no
Salão do Automóvel de 1984, a nova versão era o topo de linha da marca –
custava 58 milhões de cruzeiros, equivalente a quase 200 mil reais hoje. O Saga
parecia uma versão de três volumes do Targa e do Spider. Sem o vinco diagonal
dos outros dois e com frisos que percorriam as laterais, o estilo imprimia
discrição, embora a frente pronunciada contrastasse com o volume curto do
porta-malas. Mas seu forte eram os itens de série, como teto solar, bancos de
couro, ar-condicionado e trio elétrico.
Com o motor
1.8 a álcool do Santana, que estreava nos Miura com o Saga, os 1 200 kg (70 kg
mais que o sedã VW) davam trabalho a seus 92 cv – havia ainda a versão a
gasolina de apenas 87 cv. Até então os Miura só usavam motores VW 1.6,
refrigerados a ar e depois a água. Assim, a esportividade mesmo ficava por
conta do visual. O Saga alcançava 175 km/h e ia de 0 a 100 km/h em 13 segundos,
segundo a fábrica. O destaque mecânico eram os freios a disco nas quatro rodas,
algo que só o Alfa Romeo 2300 Ti4 tinha. Já em 1985 o Saga correspondia a 60%
da produção da Miura.
A linha 1986
agregou futurismo ao luxo. Com 42 000 km rodados, o Miura Saga 1987/1988 a
gasolina das fotos ao lado exemplifica bem isso. A abertura da porta por
controle remoto é um prólogo do espetáculo eletrônico que a maioria dos
importados de hoje não oferece. “A regulagem eletrônica de altura do volante
transforma a posição baixa em esportiva. Já a alta deixa a direção menos
cansativa em trânsito mais pesado”, diz o dono, um técnico eletrônico paulista.
Acima do
rádio, está a pequena TV preto e branco japonesa de série, com tela de 5
polegadas, equivalente à de um celular atual. O toca-fitas Tojo traz
equalizador, próximo ao controle do computador de bordo. Com sistema de voz,
este avisa o motorista sobre funções como afivelar o cinto de segurança,
abastecer, checar temperatura do motor e a pressão do óleo e retirar a chave do
contato – o computador também controla o sensor crepuscular. Não faltava nem
uma minigeladeira, instalada na lateral esquerda do banco traseiro.
Essa primeira
geração durou até 1988, ano em que a Miura passou a adotar o novo motor AP-2000
do Santana. Desde 1987 havia o Miura 787, baseado no Saga, porém 5 cm mais
curto, com traseira hatch e aerofólio. Para 1989, o novo Saga ganhou uma traseira
em que o vidro emendava com os laterais. Com a abertura das importações, em
1990, ele perdeu o ar de exclusividade e a produção parou dois anos depois,
encerrando a história de um carro nacional que mesmo hoje, 24 anos depois,
causaria inveja a muito importado por aí.
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