Adamo GT, Brasil
Fotografia
Durante
décadas, o sonho proibido de ter um importado embalou a indústria nacional dos
fora-de-série. Eram feitos por pequenas empresas, cada uma com o objetivo de
produzir seu modelo como se fosse único, ainda que a intenção fosse em parte
freada pela escassez de componentes.
A mecânica, em
geral, era a do VW a ar. O esforço para se diferenciar nas formas produziu
interessantes resultados, e o Adamo é um bom exemplo. Com linhas arrojadas e
características dignas de um verdadeiro esportivo, o Adamo se sobressaía no
quesito em que menos se esperava dele: o consumo.
A marca, que
tinha como símbolo um cavalo-marinho, expôs o primeiro protótipo no Salão do
Automóvel de 1968. Em 1970, Milton Adamo, criador da empresa, apresentou o
modelo GT. Por ser montado sobre a plataforma Volkswagen, conservava
comportamento de Fusca 1300.
A maior
diferença era creditada ao desenho ousado da carroceria de fibra de vidro. O
resultado foi uma mistura de bugue com roadster, já que não possuía portas ou
teto rígido. Em 1972, após 150 carros, o modelo foi descontinuado.
No Salão de
1974, a Adamo lançou o GT-2. A novidade, além do novo desenho, foi o motor 1500
da Volks. As linhas da carroceria o credenciavam como concorrente do Puma e do
SP-2. Na dianteira, o destaque são os quatro faróis sem cobertura plástica. Na
traseira, o carro fazia os brasileiros sonharem com os grandes esportivos, como
a Ferrari Dino.
Os bancos
anatômicos agora só acomodavam duas pessoas. O espaço traseiro ficava reservado
para ser um complemento do pequeno porta-malas. Ainda na fase do GT-2 começaram
as negociações entre Milton Adamo e a Volkswagen para o carro receber o motor
do Fusca 1600. Em 1979, foi lançado o modelo GTL, que veio a ser concorrente do
Dardo e do Puma GTE.
A carroceria
era fechada, inspirada na Ferrari 308 GT. Na dianteira, o GTL vinha com faróis
escamoteáveis, e na traseira, lanternas de Alfa Romeo 2300 Ti. O painel tinha
formato semi-elíptico, voltado para o motorista. Alguns instrumentos essenciais
para um piloto, como conta-giros e manômetro de óleo, ficam à esquerda, bem na
linha de visão que o piloto tem da pista. Os interruptores vieram do Fiat 147.
Diante das
belas formas, a performance decepcionava. Mesmo com o motor 1.6, com carburação
dupla e escapamento de Puma, os parcos 70 cv não empolgavam. Com o desempenho
modesto, os freios, com discos na frente e tambor atrás, ficaram
superdimensionados.
Depois do GTL,
o 1.6 a ar permaneceu nas versões GTM e no C2, ambas conversíveis. O que
aparece nas fotos é um GTM 1984, reconhecido pelas lanternas de Brasilia. O
carro pertence ao mineiro Ivahy Antônio de Souza e está com 35.000 quilômetros.
O modelo mantém as características dos Adamo anteriores – carroceria de fibra
sobre chassi VW.
Ao volante do
Adamo, em plena aceleração, ouve-se o característico ruído metálico do motor
1600 de carburação dupla. O conversível ainda possui a capota de vinil original
com maçanetas de Alfa Romeo.
No fim dos
anos 80, a Adamo lançou o CRX com motor 1.8 refrigerado a água. A despedida do
modelo se deu com o AC 2000, com o 2.0 da VW. Uma evolução, sem dúvida, mas
ainda aquém do que se esperava de um carro com tamanho apelo visual.
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