Chevrolet Ipanema, Brasil
Fotografia
Antes das
minivans, as famílias brasileiras viajavam em peruas, versáteis automóveis
quase sempre dotados de bagageiro no teto e tampa traseira, chamada às vezes de
quinta porta. Ou melhor, terceira porta, pois Fiat Elba, Ford Belina e VW
Parati atendiam à idiossincrasia nacional de carros de duas portas.
Foi nesse
cenário que surgiu em 1989 a Ipanema, nas versões SL e SL/E. A frente
arredondada em cunha do Kadett e os vidros rentes à carroceria eram inovações
que mostravam preocupação com a aerodinâmica, deixando de lado a harmonia. O
desenho da traseira (um corte abrupto para reduzir o arrasto pela turbulência)
destoava do restante e foi muito criticado.
Se por fora
deixava a desejar, o mesmo não acontecia no interior. Aconchegante como no
Kadett, o acabamento seguia a tradição GM: plásticos de boa qualidade e
estofamento confortável, mesmo na SL.
De ruim, só o
espaço traseiro, pois foi mantido o entre-eixos do Kadett (2,52 metros). O
porta-malas comportava bons 424 litros, mas a falta de cobertura deixava a
bagagem exposta aos amigos do alheio.
Comparada ao
Kadett, seu comportamento era mais equilibrado, graças ao acréscimo de peso na
traseira. Mas ainda ficava devendo agilidade quando confrontada com a líder de
mercado Parati. O câmbio de relações longas era voltado para baixo consumo e
ruído, mas sacrificava as acelerações.
Se o
desempenho não era seu forte, o mesmo não pode ser dito do conforto: direção
hidráulica e câmbio automático eram opcionais exclusivos, bem como a regulagem
pneumática de altura da suspensão traseira. Para a versão SL/E também estavam
disponíveis ar-condicionado, check control, computador de bordo e trio
elétrico.
Um pouco mais
de fôlego chegou na linha 1992: enquanto a concorrência perdia desempenho com o
uso de catalisadores, a GM apostava numa injeção monoponto simples.
Entre 1992 e
1993, uma SL/E 1.8 EFI a álcool fez parte de nossa frota de Longa Duração. Ela
mostrou-se confiável ao longo dos 60 000 km e surpreendeu no desmonte, com
desgaste mínimo no motor e cabeçote com vedação perfeita.
A injeção
(primeira no mundo a usar etanol) manteve-se em perfeito estado. Mas tinha suas
limitações. “As críticas mais frequentes (…) eram relacionadas com a
dificuldade de partida a frio (…) e com o alto consumo de álcool”, dizia o
texto de novembro de 1993 – a média de todo o teste foi de 8,69 km/l.
Mesmo com
qualidades, a Ipanema não vendia bem. Decidida a virar a mesa, em 1993 a
Chevrolet lançou (sem sucesso) a versão com quatro portas, vantagem até então
exclusiva de Fiat Elba e VW Quantum. Para acabar com as críticas ao desempenho,
ela ganhou a opção do motor 2.0 do Monza.
Em 1994, as
versões SL e SL/E eram rebatizadas de GL e GLS e recebiam um tanque maior, de
60 litros. É dessa época a Ipanema GL 1995 do engenheiro André Antônio Dantas.
“Por ser um
carro que foi da frota de executivos da GM, ela tem detalhes diferenciados,
como a padronagem de estofamento da SL/E, ar-condicionado e um relógio
analógico no painel que só saiu nos Kadett alemães”, diz André. “Sua manutenção
é muito simples, pois não há catalisador, cânister ou sonda lambda.”
A Ipanema
ficou no mercado por mais dois anos: em 1996 recebeu apenas alterações
cosméticas, com para-choques redesenhados e da cor do veículo, nova grade e
logotipo, além de lanternas fumês. O motor recebeu injeção multiponto em 1997,
marcando o último e derradeiro ano de fabricação da incompreendida versão perua
do Kadett.
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