Dodge Magnum, Brasil
Fotografia
Em 1978, a
Chrysler do Brasil se via diante de um desafio: precisava contornar a crise que
assolava a empresa no mundo e, de quebra, renovar o carisma da linha
Dart/Charger, prestes a completar uma década aqui.
A solução encontrada foi a mais simples: reestilizar
sua antiga linha e apresentar dois novos modelos, expoentes máximos de requinte
da marca, o sedã Le Baron e o cupê Magnum, este baseado no Charger.
O Magnum tornou-se a principal arma para
conquistar o seleto público que não tinha mais acesso aos importados, proibidos
em 1976. Sua dianteira era formada por quatro faróis inseridos em uma grade
bipartida de fibra de vidro, como no Charger. Uma pequena mira era adicionada
sobre o capô, e os para-choques eram novos.
A traseira tinha o estilo do Dart americano de 1974: quatro lanternas
horizontais, ladeando um painel central de alumínio. O visual hardtop era
disfarçado por colunas centrais falsas, unidas por uma extensão que dividia o
teto de vinil ao meio. Para arrematar, faixas decorativas laterais e calotas
raiadas.
No interior, bancos dianteiros individuais reclináveis de veludo com
console central, onde estava o câmbio manual de quatro marchas ou automático de
três. O resto seguia a linha Charger: relógio no lugar do conta-giros,
porta-malas acarpetado, antena elétrica, pintura metálica e toca-fitas.
Sob o capô
ficava o velho V8 5.2, agora de radiador redimensionado, com 204 cv na medição
SAE. Testado na edição de outubro de 1978, ele foi de 0 a 100 km/h em 13
segundos e atingiu 164 km/h. Bons números, mas não convinha abusar do
acelerador: a suspensão priorizava o conforto, causando balanços excessivos e
grande sobresterço.
Se o desempenho era bom, o consumo era
condizente com o peso e a potência: na média QUATRO RODAS, ficou em 6,21 km/l,
mas o novo tanque de 107 litros permitia rodar mais de 600 km, útil numa época
em que o governo havia limitado o horário de funcionamento dos postos. Apesar
de sofisticado, a idade do projeto era revelada pelo pouco espaço para seu
porte e freios ruins.
Apesar dos
esforços, as vendas da linha Dart continuavam caindo. Em 1979, a Volkswagen
adquiriu 67% das ações da Chrysler do Brasil e, em maio, o Magnum receberia um
novo câmbio automático, que melhorou consumo e desempenho. Tudo em vão. A
produção foi interrompida em 1981, meses após a Volks arrematar 100% das ações
da Chrysler.
O carro das fotos é um 1979 que pertence ao
engenheiro paulista Luis Vital Vianna, desde cedo apaixonado por Dodge. “Meu
avô comprou um igual em 1978 e logo faleceu. Minha mãe o vendeu em 1981 e de lá
para cá tive vários Dodge, mas este apareceu só em 2010, no Rio Grande do Sul.
Nem pensei: peguei um avião e comprei-o na hora”, diz.
A antiga fábrica da Chrysler parou de produzir automóveis em 1981, mas o
coração dos Dodge permaneceu pulsando: o V8 5.2 continuou em linha até 1985, em
versões a álcool e gasolina, só que destinadas aos caminhões Volkswagen.
Nenhum comentário:
Postar um comentário