Fotografia
Já debutante
no Brasil, no último trimestre de 1991, a Fiat marcou seus 15 anos de
atividades por aqui em alto estilo. Até então, sua linha de automóveis era
constituída exclusivamente por modelos compactos originados a partir de uma
plataforma comum. Assim foi com o 147, que gerou a 147 Pick-up, a Fiorino, a Panorama
e o Oggi. O mesmo ocorreu com o Uno, origem de Prêmio, Elba, City e a nova
Fiorino. Coube ao Tempra elevar as pretensões da marca por aqui.
Lançado na
Itália em 1990, ele era um sedã médio baseado no Tipo e veio enfrentar os já
cansados Chevrolet Monza, Volkswagen Santana e Ford Versailles. No desenho, o
Fiat se destacava pela inclinação suave do pára-brisa e das colunas traseiras
e, principalmente, pelo elevado porta-malas. A modernidade do projeto aparecia
nos vidros rentes à carroceria e no ângulo de abertura das portas. Apesar dos
apenas 4,35 metros de comprimento, o espaço interno era destaque e o
porta-malas de 413 litros só perdia para o do Prêmio.
Vidros e
travas elétricas, ar-condicionado, direção hidráulica progressiva, toca-fitas,
rodas de liga leve e até acabamento de madeira faziam parte do cardápio de
equipamentos da linha Tempra, dividida nas versões básica e Ouro. Em seu teste
de estréia na edição de dezembro de 1991 de QUATRO RODAS, o motor 2.0 de 99 cv
do Tempra, com duplo comando de válvulas e carburação dupla, decepcionou no
desempenho. O carro atingiu 166,6 km/h de velocidade máxima e acelerou de 0 a
100 km/h em 13,78 segundos. Mas essa era a versão 8V de um motor que renderia
ainda mais.
Uma relação
final de transmissão mais curta amenizou certa letargia do motor quando, em
setembro de 1992, surgiu a versão duas portas. Com colunas traseiras um pouco
mais largas, ela nunca chegou a repetir o sucesso do sedã. Finalmente, em abril
de 1993, saiu a versão 16V do Tempra, testada por QUATRO RODAS na edição
daquele mês. Primeiro motor nacional com quatro válvulas por cilindro, ele já
possuía injeção eletrônica multipoint e, com seus 127 cv, chegou a 191,5 km/h.
O tempo de 0 a 100 caiu para 10,54 segundos. Componentes do câmbio foram
reforçados, assim como a suspensão. Discos de freio vinham nas quatro rodas,
auxiliados por ABS opcional.
Bancos de
couro, CD player e check-control também podiam ser escolhidos pelo dono. “A
versão 16V aliou certa dose de luxo, esportividade e modernidade na época, a um
preço razoavelmente acessível”, afirma o engenheiro catarinense Mário Trichês
Júnior, dono do Tempra Ouro 16V 1995 das fotos. “Embora tenha um motor
multiválvulas, o torque em baixa rotação é abundante e a potência parece maior
do que a declarada, de 127 cv”, diz.
As 16 válvulas
ajudaram, mas a Fiat queria mais. Em maio de 1994, QUATRO RODAS apresentava o
Tempra Turbo. Na versão duas-portas, ele trazia faróis extras de longo alcance,
rodas iguais às do Uno Turbo e aerofólio, além de painel remodelado. O motor
oito válvulas com injeção eletrônica e turbina Garrett T3 rendia 165 cv e
superou todos os carros nacionais da época. Alcançou 212,8 km/h e foi de 0 a
100 km/h em 8,23 segundos. A suspensão foi reforçada e os freios,
redimensionados. A distribuição de peso mereceu crítica. Por deixar 61% para o
eixo dianteiro, propiciava saídas de frente e fazia a traseira “flutuar” em
altas velocidades.
Em abril de
1994, o Tempra 8V 1995 abandonava o carburador pela injeção eletrônica e
produzia 105 cv. Suspensão, freios dianteiros e painel eram os mesmos do Turbo
e a grade ganhava um desenho mais simples. Ainda em 1994, a Fiat passou a
importar a perua Tempra, com sua traseira de cortes retos e painel exclusivo. Para
1995, o motor do Turbo passou a equipar o Tempra de quatro portas na versão
Stile. Em 1996, quando já se falava na aposentadoria do modelo, os faróis
ficaram mais estreitos. Outros retoques vieram em 1998 – grade, pára-choques,
maçanetas e colunas pintadas de preto – para tentar mantê-lo interessante,
mesmo com a chegada anunciada do Marea, nova geração de Fiat médio.
O ano de 1999
foi o último do modelo. Reflexo dos novos tempos da Fiat, um projeto moderno,
sofisticado e inovador como o Tempra não chegou a completar uma década. Mesmo
com seus atrativos, o Marea, lançado em 1998, nunca alcançou o carisma e o
status do Tempra em seus melhores dias. A Fiat certamente não reclamaria de ver
um pouco dessa história de renovação e superação se repetir com o futuro Linea.
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