Ford Corcel Hobby, Brasil
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Se a década de 60 foi marcada pela ascensão da indústria automobilística brasileira, a de 70 se destacou pelo surgimento da indústria de acessórios. Lojas como Rodão, Dragster e Hermes Macedo viviam abarrotadas de jovens dispostos a equipar seus automóveis com rodas de magnésio, faróis auxiliares, sistemas de som e outros itens de personalização.
Os fabricantes logo perceberam o nicho de mercado e passaram a oferecer versões simplificadas ao gosto desse público: Dodge 1800 SE, VW Passat Surf e Chevrolet Chevette Jeans combinavam visual despojado e estética esportiva com eliminação quase total de cromados e estofamento interno em cores e padrões nada discretos.
Com essa fórmula, não foi difícil para a Ford oferecer um automóvel com as mesmas características. Com linhas retas e angulosas, o Corcel II ainda oferecia sabor de novidade em 1980, oferecido nas versões Standard, Luxo, LDO e GT – esta última dotada de visual esportivo e disponível só com motor de 1,6 litro.
Assim surgiu a versão Hobby: custando apenas 8% a mais que a Standard, a Ford definiu-o como um Corcel II de alma nova, na medida certa para consumidores jovens de espírito. Para isso, o Hobby ostentava uma decoração externa similar à do GT, com molduras das janelas, maçanetas, para-choques, spoiler e rodas pintados na cor preta.
Do GT também veio a suspensão, 1,3 cm mais baixa: molas mais duras e amortecedores recalibrados trabalhavam em conjunto com duas barras estabilizadoras (uma para cada eixo), diminuindo a rolagem da carroceria nas curvas e o desvio de trajetória em frenagens fortes. Seu comportamento dinâmico era excelente, sensivelmente superior ao das outras versões.
O acabamento era simples porém bem executado, onde se destacavam o painel com apliques aluminizado e bancos e laterais de porta com tecido quadriculado preto e branco. Os para-lamas dianteiros e a tampa do porta-malas exibiam os emblemas adesivados com o nome da versão.
Um dos trunfos do Hobby era a livre escolha dos opcionais: havia o tradicional motor 1.4 de 72 cv ou o novo 1.6 de 90 cv, com quatro ou cinco marchas. Completo, seu preço se aproximava do GT, trazendo servofreio, ignição eletrônica, conta-giros, luzes de cortesia, ventoinha eletromagnética, temporizador do lavador de para-brisa e esguicho elétrico.
Pesando 950 kg, o Hobby 1.6 revelou desempenho mediano na nossa pista de testes: precisou de 17,95 segundos para acelerar até os 100 km/h e alcançou a máxima de 148 km/h. Mas a economia compensava: média de 12,02 km/l, mantendo as respostas imediatas ao menor toque no acelerador.
Logo vieram o motor de 1,6 litro movido a álcool e a opção do teto solar em 1981, mesmo ano em que a produção do GT foi encerrada. Sozinho no páreo, o Hobby ganhou novas rodas de aço estampado no ano seguinte, como as que equipam este exemplar, que pertence ao colecionador Ricardo Bataglia.
“Este Hobby foi adquirido há oito anos, de um amigo da família que foi o primeiro dono: precisou apenas de alguns reparos e uma limpeza interna. Um dos itens mais difíceis de serem encontrados foram os faróis originais Cibié, que não são produzidos há muitos anos. Sou parabenizado sempre que dou uma volta nele, pois é um modelo praticamente extinto”.
Produzido até 1983, o Hobby não deixou substituto: com as atenções voltadas para Del Rey e Escort, o Corcel II foi preterido pelo público e acabou saindo de linha em 1986. Relativamente raro, a versão é hoje considerada uma das mais valorizadas pelos fãs do Corcel.
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